Reportagem de
Danielle Muniz
Fotos/Camila
Araújo
No coração de
Bom Conselho, pulsa a história. E ela não é contada apenas na oralidade dos
antigo, mas também na arquitetura que tenta sobreviver ao tempo em vários
recantos da cidade.
Muitos pedaços
da história estão com placa de venda e correm o risco de se tornar um
empreendimento qualquer nas mãos de quem comprar.
A natural
demência pública do lugar nunca permitiu uma Lei Municipal que cuidasse de seu
patrimônio arquitetônico. Mas enquanto isso, no “quadro” da Praça principal
encontra-se o Café do Coroné. Um ambiente preservado e agradável que reúne
pessoas para o tradicional cafezinho acompanhado de petiscos diversos e boas
conversar.
Na casa, morou
José Abílio “Coroné”. Um dos pioneiros da história política de Bom Conselho e
que foi prefeito quatro vezes e duas vezes deputado pela cidade. Um dos mais
famosos líderes político da Terra do Papa Caça.
Em sua memória
a Prefeitura tem o seu nome assim
como uma escola municipal. Coroné Abílio
tinha peculiaridades admiráveis por ser um homem a frente de seu tempo. Dotado
de grande inteligência e perspicácia, embora só tenha estudado até a primeira
série. Lá na Ditatura de 64, com a intervenção militar não pôde ser eleito por
vias democráticas, mas consagrou-se pela votos ofertados pelo povo.
O Café do
Coroné, pode fazer honra também a sua tradicional fazenda de café, localizada
na região da Mata Verde, perto de Rainha Izabel. De lá ele plantava, colhia e
vendia ao chamado Café Fino. Frequentemente reunia seus seguidores e
correligionários para os assuntos políticos e, claro, servia um café aos
convidados.
Nessas
circunstâncias históricas entra Flavio Adriano de Souza e a esposa Camila
Tenório Porto, bisneta do Coroné. Tiveram a ideia de fazer uma cafeteria em
homenagem a ele. Tem 7 anos que os dois trabalham juntos e sempre se localizou
na praça Dom Pedro Segundo.
Entre quartos
e salas, o imóvel soma mais de cem anos e toda a estrutura secular permanece
preservada com exceção de pequenas reformas e adaptações feitas no interior da
casa. Tudo pode ir além do café´, pois a comida regional como lanches e o
tradicional cuscuz tem um peso forte nas iguarias que vendem. Aliás, uma forte
vantagem nisso é que Flávio sempre foi cozinheiro e, junto à esposa dedicam a
produção de boa parte do cardápio que oferecem.
Como há mais
de cem anos, o casal provocou o hábito de reunir as mais diversas gerações e as
inevitáveis rodas políticas que proclamam o termômetro político da cidade entre
um gole e outro do “pretinho”. Quem preferir, pode matar o tempo com um jogo de
xadrez ou apenas visitar o ambiente histórico que oportunamente poderia se
transformar num museu fotográfico da cidade.
Enquanto isso
não acontece, é fácil imaginar em cada cômodo uma confidência, uma ordem
severa, um traquejado político, uma alegria em família, uma discórdia qualquer.
Afinal de contas é também para isso que servem: contemplarmos o passado em
tempos de um presente que sempre desenha um futuro incerto. Vai um cafezinho?
Gerson Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário