sexta-feira, 3 de julho de 2020

GENTE QUE FAZ: AS MÃOS DE FADA DE RITA



Reportagem: Maria Vitória

De tão simples e tão comum nos dias de hoje ninguém se dar conta de que a arte do Tricot e Crochê, é simplesmente milenar. No livro “Odisséia”, de “Homero”, a personagem Penélope, desgostosa pelo não regresso do seu marido, Ulisses, é condenada a casar com outro pretendente de quem não gostava. Casaria logo que terminasse sua peça de tricot. Para adiar indefinidamente esse casamento indesejado, conta-se que ela passava o dia tricotando uma peça que de propósito era desfeita á noite para refazê-la novamente durante o dia seguinte, adiando assim o casamento que só veio acontecer após o fim da guerra de Tróia. Se essa história data do século VIII Antes de Cristo, por aí você imagina o tempo em que se tem notícia dessa arte manual.

Viajando rápido no tempo chegamos à Idade Média com as luvas dos Bispos, demais paramentos e as toalhas sagradas da chamada Igreja Medieval sendo confeccionadas por essa arte. No século passado a chamada mulher prendada era submetida a aprender cedo tricot e crochê já pensando no enxoval dos futuros filhos.

O DNA do Tricot e do Crochê é mesmo muito antigo, mas sempre conservou a leveza e a beleza do que é feito com essa arte em peças, as mais diversas.


É aqui que entra Rita Cristiane Ferreira Camilo, mais conhecida como professora Rita. Natural de Bom Conselho, ela já trabalha com essa arte há mais de 20 anos, exclusivamente para bebês, mas com espaço para outras encomendas. A dedicação vem desde seus 9 anos quando aprendeu com a sua mãe, primeiro o crochê, em seguida o incentivo para o tricot.

Se a arte de aprender está mesmo na arte de saber ensinar, com 16 anos Rita deu aula de tapeçaria para idosos. Não tinha nenhuma prática em dar aulas e foi aprendendo aos poucos numa revista.


Produzindo peças para bebês, ela confecciona também outros artefatos por encomenda ao gosto do freguês. O trabalho de Rita vai longe e já chega em São Paulo, Rondônia e outras partes do Brasil. Há quem diga que se trata de um vício benéfico compulsivo, algo bem indicado para se evitar o Alzheimer, por exemplo. Mas é, antes de tudo uma arte delicada que, além da habilidade em tecer os fios de lã, precisa também imprimir a criação pessoal nas peças, dar harmonia das cores, nos detalhes delicados e na qualidade dos acabamentos como um todo do serviço.

Para a professora Rita a milenar arte da costura está em toda a família há muitos anos. Todo o trabalho exige mesmo talento e principalmente paciência. Um erro num cruzamento de ponto lá atrás implica em ter que desmanchar até encontra-lo para refazer tudo novamente.

A verdade é que peças as mais variadas em tricot e crochê ganharam requintes de fineza e sofisticação e tem sempre mercado de vendas para quem sabe o que está comprando. A sofisticação de lãs especiais como a Bebê antialérgica, produz peças saudáveis para recém nascidos. Nos tapetes vão fios de malha, cordões, nas fraldas e sapatinhos há bordados também feitos em tricot ou crochê.

Professora Rita Cristiane é mais uma artesã que encontramos em Bom Conselho que no silêncio de sua concentração tece a sua arte com zelo e afinco, tocando a vida no ritmo de suas mãos, e espetando as agulhas nas horas que procura matar produzindo coisas bonitas pra muita gente. É Gente que Faz.

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