Reportagem: Maria Vitória
De tão simples e tão comum nos dias de hoje
ninguém se dar conta de que a arte do Tricot e Crochê, é simplesmente milenar.
No livro “Odisséia”, de “Homero”, a personagem Penélope, desgostosa pelo não
regresso do seu marido, Ulisses, é condenada a casar com outro pretendente de
quem não gostava. Casaria logo que terminasse sua peça de tricot. Para adiar
indefinidamente esse casamento indesejado, conta-se que ela passava o dia
tricotando uma peça que de propósito era desfeita á noite para refazê-la
novamente durante o dia seguinte, adiando assim o casamento que só veio
acontecer após o fim da guerra de Tróia. Se essa história data do século VIII
Antes de Cristo, por aí você imagina o tempo em que se tem notícia dessa arte
manual.
Viajando rápido no tempo chegamos à Idade Média
com as luvas dos Bispos, demais paramentos e as toalhas sagradas da chamada
Igreja Medieval sendo confeccionadas por essa arte. No século passado a chamada
mulher prendada era submetida a aprender cedo tricot e crochê já pensando no
enxoval dos futuros filhos.
O DNA do Tricot e do Crochê é mesmo muito
antigo, mas sempre conservou a leveza e a beleza do que é feito com essa arte
em peças, as mais diversas.
É aqui que entra Rita Cristiane Ferreira
Camilo, mais conhecida como professora Rita. Natural de Bom Conselho, ela já
trabalha com essa arte há mais de 20 anos, exclusivamente para bebês, mas com
espaço para outras encomendas. A dedicação vem desde seus 9 anos quando
aprendeu com a sua mãe, primeiro o crochê, em seguida o incentivo para o
tricot.
Se a arte de aprender está mesmo na arte de saber
ensinar, com 16 anos Rita deu aula de tapeçaria para idosos. Não tinha nenhuma
prática em dar aulas e foi aprendendo aos poucos numa revista.
Produzindo peças para bebês, ela confecciona
também outros artefatos por encomenda ao gosto do freguês. O trabalho de Rita
vai longe e já chega em São Paulo, Rondônia e outras partes do Brasil. Há quem
diga que se trata de um vício benéfico compulsivo, algo bem indicado para se
evitar o Alzheimer, por exemplo. Mas é, antes de tudo uma arte delicada que,
além da habilidade em tecer os fios de lã, precisa também imprimir a criação
pessoal nas peças, dar harmonia das cores, nos detalhes delicados e na
qualidade dos acabamentos como um todo do serviço.
Para a professora Rita a milenar arte da
costura está em toda a família há muitos anos. Todo o trabalho exige mesmo
talento e principalmente paciência. Um erro num cruzamento de ponto lá atrás
implica em ter que desmanchar até encontra-lo para refazer tudo novamente.
A verdade é que peças as mais variadas em
tricot e crochê ganharam requintes de fineza e sofisticação e tem sempre
mercado de vendas para quem sabe o que está comprando. A sofisticação de lãs
especiais como a Bebê antialérgica, produz peças saudáveis para recém nascidos.
Nos tapetes vão fios de malha, cordões, nas fraldas e sapatinhos há bordados
também feitos em tricot ou crochê.
Professora Rita Cristiane é mais uma artesã que
encontramos em Bom Conselho que no silêncio de sua concentração tece a sua arte
com zelo e afinco, tocando a vida no ritmo de suas mãos, e espetando as agulhas
nas horas que procura matar produzindo coisas bonitas pra muita gente. É Gente
que Faz.
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