O folclore político de Bom Conselho tem
façanhas extraordinárias produzidas nos ambientes políticos e eleitorais ao
longo de sua história.
Dos anais do passado, um tempo de coronéis
donos de currais eleitorais. A Era de votos tangidos ao açoite da ordem. Tempos ainda de um Manoel Luna, ajoelhado no
piso da carroceria de um caminhão, a derramar lágrimas enquanto discursava
frente ao eleitorado nos comícios memoráveis. “Se eu disser que a besta morreu
– Pode tocar fogo na cangalha”, dizia Walmir Soares quando era prefeito para atestar
a credibilidade de sua palavra dada.
Dos abruptos políticos do passado, aos
encenadores dramalhões, comediosos e caricatos, à procura do povo como
companhia. Cada um a seu tempo com seu jeito, sua verve, sua essência de povo,
debulhou feitos e fatos na história político-administrativa da terrinha de
Pedro de Lara.
Mesmo nos tempos atuais observa-se ainda esse
esforço de colar a imagem junto a população com o atual gestor usufruindo do
narcisismo de sua juventude e tenta imprimir a figura de um Pop Star. Nada de estranho nesses exemplos pontuais de
como se embrenhar no agrado popular, usando-se das ferramentas que puder.
Calígula nomeou o seu Cavalo, Senador de Roma. Numa maneira esdrúxula de
amenizar a gravidade de uma pandemia, o desmiolado Presidente do Brasil taxou a
doença de gripezinha que já vai matando perto de 50 mil pessoas.
E de novo a cidade se assanha no burburinho que
desenha as eleições esse ano. Os pitaqueiros e analistas avulsos já estão à
postos em assembleias de bares e cafés. A eles se somam os fofoqueiros de
plantão, todos com diagnósticos prontos, suposição exatas e prognósticos os
mais dementes possíveis. No breu das tocas os pretendentes supervalorizam os
egos. Alardeiam seus dotes pessoais, praticam a erudição de seus intelectos e
tomam assento na vitrine esperando serem apreciados.
É certo que não tardará a chegada dos patrões
de cada um que sentarão a molecada política ao redor da mesa e com a velha
ameaça irão dizer: Quem não souber se comportar e obedecer vai perder a merenda
e a mesada...
Mas entende de política quem entende de povo. E
nesse momento de tanta potencialização pessoal ele é esquecido. Somente quem
for capaz de traduzir o sentimento popular, saberá ocupar um espaço de honra na
preferência da maioria.
Preferencialmente que esse diálogo popular
tenha raízes. Que essa aliança tenha sido formada bem antes do oportunismo
eleitoral e as populações já estejam condensadas de apreço e de confiança em
quem já deseja escolher como seu representante. Em todos os pré-candidatos que
eu encontro sempre há a mesma confusão mental entre o que é “ser conhecido’ e o
que é ser “popular”. São duas coisas absolutamente distintas e bem diferentes
entre si.
Entende de política quem entende de povo e há
muito mais vantagem em quem não é conhecido, mas é popular, do que em quem não
é popular mesmo bastante conhecido. Em campanha política fico sempre com a
primeira alternativa, sem me preocupar com a segunda porque sei o quanto é
difícil tornar alguém popular quando o sujeito não apresenta o menor talento
para tal e nunca passará de um agradável conhecido.
É inócuo dormir abraçado com a pesquisa da vez,
e na masturbação mental de números imediatos já creditar possível êxito numa
empreitada política sem fundamento popular. Não. É preciso sentir o coração do
povo...Enxergá-lo em seus desejos e ansiedades. É preciso saber distinguir e
ouvir a voz das ruas...diferenciá-las da conversa subserviente dos bajuladores
de plantão. Porque só entende de política quem entende de povo e nele consegue fazer
seu melhor aliado.
Gerson Lima
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