domingo, 21 de junho de 2020

ENTENDE DE POLÍTICA QUEM ENTENDE DE POVO



O folclore político de Bom Conselho tem façanhas extraordinárias produzidas nos ambientes políticos e eleitorais ao longo de sua história.

Dos anais do passado, um tempo de coronéis donos de currais eleitorais. A Era de votos tangidos ao açoite da ordem.  Tempos ainda de um Manoel Luna, ajoelhado no piso da carroceria de um caminhão, a derramar lágrimas enquanto discursava frente ao eleitorado nos comícios memoráveis. “Se eu disser que a besta morreu – Pode tocar fogo na cangalha”, dizia Walmir Soares quando era prefeito para atestar a credibilidade de sua palavra dada.

Dos abruptos políticos do passado, aos encenadores dramalhões, comediosos e caricatos, à procura do povo como companhia. Cada um a seu tempo com seu jeito, sua verve, sua essência de povo, debulhou feitos e fatos na história político-administrativa da terrinha de Pedro de Lara.

Mesmo nos tempos atuais observa-se ainda esse esforço de colar a imagem junto a população com o atual gestor usufruindo do narcisismo de sua juventude e tenta imprimir a figura de um Pop Star.  Nada de estranho nesses exemplos pontuais de como se embrenhar no agrado popular, usando-se das ferramentas que puder. Calígula nomeou o seu Cavalo, Senador de Roma. Numa maneira esdrúxula de amenizar a gravidade de uma pandemia, o desmiolado Presidente do Brasil taxou a doença de gripezinha que já vai matando perto de 50 mil pessoas.

E de novo a cidade se assanha no burburinho que desenha as eleições esse ano. Os pitaqueiros e analistas avulsos já estão à postos em assembleias de bares e cafés. A eles se somam os fofoqueiros de plantão, todos com diagnósticos prontos, suposição exatas e prognósticos os mais dementes possíveis. No breu das tocas os pretendentes supervalorizam os egos. Alardeiam seus dotes pessoais, praticam a erudição de seus intelectos e tomam assento na vitrine esperando serem apreciados.

É certo que não tardará a chegada dos patrões de cada um que sentarão a molecada política ao redor da mesa e com a velha ameaça irão dizer: Quem não souber se comportar e obedecer vai perder a merenda e a mesada...


Mas entende de política quem entende de povo. E nesse momento de tanta potencialização pessoal ele é esquecido. Somente quem for capaz de traduzir o sentimento popular, saberá ocupar um espaço de honra na preferência da maioria.

Preferencialmente que esse diálogo popular tenha raízes. Que essa aliança tenha sido formada bem antes do oportunismo eleitoral e as populações já estejam condensadas de apreço e de confiança em quem já deseja escolher como seu representante. Em todos os pré-candidatos que eu encontro sempre há a mesma confusão mental entre o que é “ser conhecido’ e o que é ser “popular”. São duas coisas absolutamente distintas e bem diferentes entre si.

Entende de política quem entende de povo e há muito mais vantagem em quem não é conhecido, mas é popular, do que em quem não é popular mesmo bastante conhecido. Em campanha política fico sempre com a primeira alternativa, sem me preocupar com a segunda porque sei o quanto é difícil tornar alguém popular quando o sujeito não apresenta o menor talento para tal e nunca passará de um agradável conhecido.

É inócuo dormir abraçado com a pesquisa da vez, e na masturbação mental de números imediatos já creditar possível êxito numa empreitada política sem fundamento popular. Não. É preciso sentir o coração do povo...Enxergá-lo em seus desejos e ansiedades. É preciso saber distinguir e ouvir a voz das ruas...diferenciá-las da conversa subserviente dos bajuladores de plantão. Porque só entende de política quem entende de povo e nele consegue fazer seu melhor aliado.

Gerson Lima

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