É
junho e não tem como não sentir um aperto no coração quando se sabe que este
ano o calor e a fumaça das fogueiras viraram uma lembrança curta e o piado da
sanfona estará ausente. O colorido das quadrilhas no pisoteio dos passos e o
ritual das famílias à beira do fogo bebericando quentão vai nos dá saudade. Mas
não precisa ser algo tão melancólico assim quando mais acesa do que todas as
fogueiras juninas, está a nossa esperança de que tudo vai passar e o São João
espera para vir ano que vem com gosto de gás.
E
nós que fazemos o Blog Bom Conselho Paratodos resolvemos reinventar esse
momento, ao invés de lamentá-lo em suas ausências. Vamos dar vivas a São João
sim!. Através das figuras ilustres que ajudam a dar vida, todos os anos, a essa
festa maravilhosa e tão nossa: Sua majestade o sanfoneiro.
E
Bom Conselho sempre teve dos bons. Vamos começar numa reverência a Basto
Peroba. É ele quem vai encabeçar essa sequência que faremos neste mês de junho
numa homenagem justa aos magos desse instrumento rural, oriundo de outras
terras, mas que ganhou por aqui um toque sublime e único, através do nosso
inimitável forró.
Nele
morava a elegância da simplicidade contida apenas nos gênios. Foram mais de
seis décadas descansando no peito o acordeom, num casamento indissolúvel, separado
apenas pela morte do músico. A maestria de Basto Peroba, o levou a
considerações de músicos nacionais e o descansar dos dedos no fole,
escorregando em cócegas produziam notas mágicas tocando de tudo. Basto era a
música e a música era Basto. Estava ali a maior das sintonias que um artista
pode ter.
É
injusto dizer que Basto não deixou seguidores. Mas é justo dizer que não deixou
imitadores. Foi único. Mas seu legado está multiplicado pelos grotões de Bom
Conselho, na figura de tantos outros talentos que se inspiram nesse músico sem
precedentes.
Nesse
São João de sanfona muda, Basto é excelente lembrança que torna festa nossa
alma encharcada de ausências. E os demais sanfoneiros devem levantar essa
bandeira, erguida em acordes de amor à Bom Conselho, ao forró e as nossas
tradições. Ele nos ensinou isso.
Entre
casarios e ladeiras, pés de serra e ruas em burburinho como em todo mês de
junho em Bom Conselho, vamos acender ainda mais forte a chama da resistência à
nossa cultura, o brilho incandescente das quadrilhas avulsas e soltar balões de
esperança para que tudo volte. E para todos os sanfoneiros de Bom Conselho,
encabeçados aqui pelo Mestre Basto, o nosso reconhecimento e força num gesto
maiúsculo de aplausos.
Gerson
Lima
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