quinta-feira, 18 de junho de 2020

BASTO PEROBA....O FOLE RONCOU...



É junho e não tem como não sentir um aperto no coração quando se sabe que este ano o calor e a fumaça das fogueiras viraram uma lembrança curta e o piado da sanfona estará ausente. O colorido das quadrilhas no pisoteio dos passos e o ritual das famílias à beira do fogo bebericando quentão vai nos dá saudade. Mas não precisa ser algo tão melancólico assim quando mais acesa do que todas as fogueiras juninas, está a nossa esperança de que tudo vai passar e o São João espera para vir ano que vem com gosto de gás.

E nós que fazemos o Blog Bom Conselho Paratodos resolvemos reinventar esse momento, ao invés de lamentá-lo em suas ausências. Vamos dar vivas a São João sim!. Através das figuras ilustres que ajudam a dar vida, todos os anos, a essa festa maravilhosa e tão nossa: Sua majestade o sanfoneiro.

E Bom Conselho sempre teve dos bons. Vamos começar numa reverência a Basto Peroba. É ele quem vai encabeçar essa sequência que faremos neste mês de junho numa homenagem justa aos magos desse instrumento rural, oriundo de outras terras, mas que ganhou por aqui um toque sublime e único, através do nosso inimitável forró.

Nele morava a elegância da simplicidade contida apenas nos gênios. Foram mais de seis décadas descansando no peito o acordeom, num casamento indissolúvel, separado apenas pela morte do músico. A maestria de Basto Peroba, o levou a considerações de músicos nacionais e o descansar dos dedos no fole, escorregando em cócegas produziam notas mágicas tocando de tudo. Basto era a música e a música era Basto. Estava ali a maior das sintonias que um artista pode ter.

É injusto dizer que Basto não deixou seguidores. Mas é justo dizer que não deixou imitadores. Foi único. Mas seu legado está multiplicado pelos grotões de Bom Conselho, na figura de tantos outros talentos que se inspiram nesse músico sem precedentes.

Nesse São João de sanfona muda, Basto é excelente lembrança que torna festa nossa alma encharcada de ausências. E os demais sanfoneiros devem levantar essa bandeira, erguida em acordes de amor à Bom Conselho, ao forró e as nossas tradições. Ele nos ensinou isso.

Entre casarios e ladeiras, pés de serra e ruas em burburinho como em todo mês de junho em Bom Conselho, vamos acender ainda mais forte a chama da resistência à nossa cultura, o brilho incandescente das quadrilhas avulsas e soltar balões de esperança para que tudo volte. E para todos os sanfoneiros de Bom Conselho, encabeçados aqui pelo Mestre Basto, o nosso reconhecimento e força num gesto maiúsculo de aplausos.

Gerson Lima

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