Em
tempos de crises política, econômica e de saúde, muitos aspectos da vida humana
são deixados cada vez mais em segundo plano para que se priorize o que é, por
vias práticas, considerado urgente ou mais importante; dentre estes aspectos
está o lazer. Entre outros problemas sociais de nossa cidade, o lazer é um
setor que vem sendo negligenciado pela gestão municipal bonconselhense.
Do
ponto de vista individual, as obrigações diárias, principalmente as de cunho
profissional, induzem-nos a descuidar da importância do lazer que, por vezes, é
visto como uma futilidade ou até mesmo um privilégio exclusivo dos mais
abastados.
No
entanto, você sabia que o lazer, além de primordial ao bem estar, é um direito
de todo cidadão previsto por lei? Logo, do ponto de vista social, a gestão
pública deve prover ambientes e ações promotoras de lazer para a população,
pois a democratização do seu acesso é essencial à saúde da população e à
construção de uma sociedade menos desigual.
Em
seu artigo 6º, que trata das garantias fundamentais, a Constituição Federal
legitima o lazer como um direito social e, no artigo 217 (parágrafo 3), defende
que “o Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social”.
Lazer
é uma forma de utilizar o tempo para atividades que aprecie e que não sejam
consideradas como trabalho, que pode ser realizado de formas diversas de acordo
com a compreensão de cada sujeito. Mais que isso, é uma vivência lúdica de
manifestações culturais e desportivas nos espaços sociais, que implica numa
necessidade humana e numa dimensão da cultura e da saúde pública.
Otávio
Calvet (Doutor em Direito e juiz do trabalho) define o lazer como “o direito do
ser humano se desenvolver existencialmente, alcançando o máximo das suas
aptidões, tanto nas relações que mantém com outros indivíduos e com o Estado,
quanto pelo gozo do seu tempo livre como bem entender”.
São
numerosos os benefícios das práticas de lazer que ressaltam a sua importância
para toda a população. Segundo o NCI (Instituto Nacional do Câncer dos Estados
Unidos), quem gasta o tempo de lazer fazendo atividades físicas pode aumentar a
expectativa de vida em até 4 anos e meio. As atividades de lazer estão
diretamente ligadas à melhora do bem-estar subjetivo, ou seja, melhora
qualidade de vida, sendo importante também para a prevenção de problemas de
saúde como estafa, doenças crônicas e até transtornos psicológicos.
Desta
forma, é de suma importância a avaliação crítica quanto à falta de atenção que
a gestão do município atribui ao lazer, que reflete especialmente na ausência
de cuidado e de manutenção dos espaços públicos destinados a estas práticas,
como é claramente perceptível quando observamos o estado precário em que se
encontram o Centro de Esporte e Lazer José Feliciano (Parque Beira Rio) e o
Centro Cultural Professor Waldemar Gomes de Santana (conhecido como Cuscuz), há
muito tempo abandonados pela administração e que apresentam os sinais do
descaso.
Vale
ressaltar que a qualidade de vida dos residentes da cidade baseia-se também na
disponibilidade da prestação dos serviços elementares à vida digna do cidadão,
que ocorre com a possibilidade de acesso aos serviços básicos, incluindo-se
aqui o lazer, para que a maioria da população não seja destituída desse direito
e de seus numerosos benefícios.
Assim,
a administração pública de Bom Conselho deveria prover condições necessárias às
experiências de lazer, sendo necessária a articulação de fatores econômicos,
políticos e sociais, incluindo restauração e melhoramento dos espaços
mencionados, para possibilitar a melhoria da qualidade de vida, principalmente dos
nossos trabalhadores, eresguardar direitos fundamentais.
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