sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Artistas regionais: Antonio Carlos Almeida

 




Antonio Carlos Almeida, 40 anos de idade, natural de Rainha Isabel, é um grande artista local, tendo uma produção variada, incluindo caricaturas, esculturas e quadros. Sua aptidão para a arte surgiu de forma natural e prematura. Tudo começou quando pequeno, Antonio gostava muito de ver desenhos e foi daí que surgiu sua inspiração para reproduzí-los e para produzir suas caricaturas. Como morava no sítio, recorria aos recursos que tinha ao seu alcance: pegava o que via pela frente, como carvão, para desenhar nas paredes.



Para o artista, tudo é questão de técnica e prática. Pois, atualmente, ele utiliza apenas lápis e papel para fazer suas caricaturas, de modo que o talento sobressai independentemente do material utilizado. Após aprender a fazer caricaturas e ir aperfeiçoando mais seu trabalho, ele começou a pintar quadros, utilizando a técnica óleo sobre tela, uma técnica artística que consiste no uso de tintas a óleo sobre telas de tecido, aplicadas com pincéis, espátulas ou outros meios. Suas pinturas são predominantemente de figuras humanas que, segundo o artista plástico, é mais difícil de pintar, pois demanda atenção a todos os detalhes e “o que é difícil é o que atrai”.



Antonio Carlos desenha tanto a partir de fotos quanto a partir de observação pessoal – observação da vida real ou olhando alguém pessoalmente. Ele conta que nunca fez nenhum curso, aprendendo tudo sozinho, de modo muito intuitivo, o que faz do nosso artista um autodidata. Para ele, as artes plásticas são uma forma de expressar seus sentimentos, assim, em suas produções, dedica-se completamente ao momento em que está pintando seus quadros, denotando atenção e entrega a cada detalhe.



        Dentre as linguagens artísticas que domina, Antonio também produz esculturas. Almeida revela que suas esculturas são mais laboriosas e o que ele mais costuma produzir são seus personagens prediletos, que representam sua paixão por este mundo de ficção e criatividade. Além de esculpir com fins mercadológicos, ou seja, de acordo com o que os clientes pedem, ele também coleciona suas esculturas de seus personagens favoritos. Para tal, ele costuma utilizar massa cley ou durepoxi, fazendo modelagens específicas e dando personalidade ao que antes eram apenas matérias disformes. Para concluir o processo, após a massa secar, o artista constrói todos os detalhes para posteriormente pintar e finalizar. Sua destreza prévia com desenhos e pinturas lhe facilitou o desenvolvimento da habilidade para a criação de esculturas.



           Atualmente, além das artes plásticas, Antonio Carlos também se aventura em outras linguagens de arte, como as HQs (Histórias em Quadrinhos) que escreve e ilustra. Está, inclusive, desenvolvendo uma história do gênero em que o próprio é o protagonista. O valor de suas artes varia muito de acordo com os detalhes, tempo e dedicação que se fazem necessários para a realização de cada trabalho, de modo que é mais comum que suas telas apresentem um valor mais dispendioso (o custo de suas telas pode variar de R$500,00 a R$2.000,00 e suas esculturas apresentam valores de R$300,00 a R$700,00). Apesar de ser um artista natural de nossa cidade, seus admiradores e clientes são, em sua maioria, das cidades adjacentes.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Lazer não é “privilégio”, é direito social!


 

Em tempos de crises política, econômica e de saúde, muitos aspectos da vida humana são deixados cada vez mais em segundo plano para que se priorize o que é, por vias práticas, considerado urgente ou mais importante; dentre estes aspectos está o lazer. Entre outros problemas sociais de nossa cidade, o lazer é um setor que vem sendo negligenciado pela gestão municipal bonconselhense.

Do ponto de vista individual, as obrigações diárias, principalmente as de cunho profissional, induzem-nos a descuidar da importância do lazer que, por vezes, é visto como uma futilidade ou até mesmo um privilégio exclusivo dos mais abastados.



No entanto, você sabia que o lazer, além de primordial ao bem estar, é um direito de todo cidadão previsto por lei? Logo, do ponto de vista social, a gestão pública deve prover ambientes e ações promotoras de lazer para a população, pois a democratização do seu acesso é essencial à saúde da população e à construção de uma sociedade menos desigual.

Em seu artigo 6º, que trata das garantias fundamentais, a Constituição Federal legitima o lazer como um direito social e, no artigo 217 (parágrafo 3), defende que “o Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social”.



Lazer é uma forma de utilizar o tempo para atividades que aprecie e que não sejam consideradas como trabalho, que pode ser realizado de formas diversas de acordo com a compreensão de cada sujeito. Mais que isso, é uma vivência lúdica de manifestações culturais e desportivas nos espaços sociais, que implica numa necessidade humana e numa dimensão da cultura e da saúde pública.

Otávio Calvet (Doutor em Direito e juiz do trabalho) define o lazer como “o direito do ser humano se desenvolver existencialmente, alcançando o máximo das suas aptidões, tanto nas relações que mantém com outros indivíduos e com o Estado, quanto pelo gozo do seu tempo livre como bem entender”.

São numerosos os benefícios das práticas de lazer que ressaltam a sua importância para toda a população. Segundo o NCI (Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos), quem gasta o tempo de lazer fazendo atividades físicas pode aumentar a expectativa de vida em até 4 anos e meio. As atividades de lazer estão diretamente ligadas à melhora do bem-estar subjetivo, ou seja, melhora qualidade de vida, sendo importante também para a prevenção de problemas de saúde como estafa, doenças crônicas e até transtornos psicológicos.

Desta forma, é de suma importância a avaliação crítica quanto à falta de atenção que a gestão do município atribui ao lazer, que reflete especialmente na ausência de cuidado e de manutenção dos espaços públicos destinados a estas práticas, como é claramente perceptível quando observamos o estado precário em que se encontram o Centro de Esporte e Lazer José Feliciano (Parque Beira Rio) e o Centro Cultural Professor Waldemar Gomes de Santana (conhecido como Cuscuz), há muito tempo abandonados pela administração e que apresentam os sinais do descaso. 



Vale ressaltar que a qualidade de vida dos residentes da cidade baseia-se também na disponibilidade da prestação dos serviços elementares à vida digna do cidadão, que ocorre com a possibilidade de acesso aos serviços básicos, incluindo-se aqui o lazer, para que a maioria da população não seja destituída desse direito e de seus numerosos benefícios.

Assim, a administração pública de Bom Conselho deveria prover condições necessárias às experiências de lazer, sendo necessária a articulação de fatores econômicos, políticos e sociais, incluindo restauração e melhoramento dos espaços mencionados, para possibilitar a melhoria da qualidade de vida, principalmente dos nossos trabalhadores, eresguardar direitos fundamentais.